. Título: Dona Flor e Seus Dois Maridos | . Direção: Bruno Barreto | . Roteiro: Bruno Barreto, Eduardo Coutinho e Leopoldo Serran | . Baseado no Livro: Dona Flor e Seus Dois Maridos – Jorge Amado | . Ano: 1976 | . Cinema Nacional | . Duração: 1h 50min | . 5★
Olá pessoal!
A história Dona Flor e Seus Dois Maridos criada pelo Jorge Amado em 1966, fez tanto sucesso que eu encontrei duas adaptações para o cinema nacional de 1976 e 2017, uma minissérie de 1998 da Rede Globo, uma apresentação em teatro de 2008 e uma versão gringa de 1982 chamada Meu Adorável Fantasma. Não preciso dizer que prefiro pegar o livro na estante e ler ou reler a história. Sim eu tenho o hábito de reler um livro que gosto sempre que desejo, mas com tantas versões para Dona Flor e Seus Dois Maridos, a adaptação de 1976 é a minha favorita.
Assim que termino a leitura de uma história e sei que contém uma adaptação, eu gosto de assistir e expressar minha opinião. Então decidi assistir novamente a versão de 1976, pois simplesmente adoro o José Wilker interpretando Vadinho. Caso alguém ainda não conhece a trama do filme, a história começa no ano de 1943 em Salvador, com Vadinho (José Wilker) um malandro incorrigível, compulsivamente viciado em jogos, que faleceu repentinamente na rua enquanto curtia o carnaval em plena amanhã de domingo com seus amigos. Apesar dos vários defeitos que Vadinho tinha e pode ter certeza que tinha muitos defeitos, ele era considerado um excelente amigo e deixou sua esposa Flor ( Sônia Braga), totalmente inconsolável por muito tempo.
Ainda no velório de Vadinho, o filme começa apresentando vários flashbacks para contar como a vida de Vadinho e Dona Flor começou através de uma forte paixão, carregada de desejo físico e noites solitárias. Vadinho era um verdadeiro boêmio. Não trabalhava, dormia durante o dia para passar as noites em claro farreando e jogando com amigos. Era mulherengo, roubava o dinheiro de Flor que conseguia graças às aulas de culinária para ela pagar o aluguel onde eles moravam e pior, Vadinho sempre perdia todo o dinheiro no jogo. Era um verdadeiro calvário para Flor e apesar disso tudo e mais um pouco que não vou mencionar, Flor o amava profundamente. Tanto que Flor viveu o luto pelo Vadinho por muito tempo.
Porém ela passou a ser cortejada por Teodoro Madureira (Mauro Mendonça), um farmacêutico da região. Um homem trabalhador, financeiramente estabilizado, culto e bastante responsável. Teodoro era completamente o oposto de Vadinho. Incentivada pela mãe e pelas amigas, Flor casou-se com Teodoro. O segundo casamento de Flor proporcionava uma vida estável, organizada e tranquila para ela. Flor continuou com suas aulas de culinária porque gostava de ensinar seus dotes culinários e não porque precisava pagar o aluguel e as despesas da casa. Teodoro era aquele homem fiel, gentil, que preocupava com o futuro da esposa e sempre estava presente na vida dela.
Contudo Teodoro era bastante recatado e deixava Flor insatisfeita na cama. Ao contrário de Vadinho que tinha todos os defeitos do mundo, mas conseguia satisfazer os desejos de Flor na cama e era exatamente, esses momentos íntimos que provocava tanta saudades em Flor. Até que uma noite, depois da comemoração de aniversário de casamento de Flor e Teodoro, Vadinho resolveu aparecer para Flor para matar todas as saudades da esposa, como ela desejava. Acontece que a presença de Vadinho deixava Flor divida. Vadinho provocava os desejos de Flor, que estava morrendo de saudades do marido falecido por causa da monotonia conjugal, mas também, deixava Flor com a sensação que estava sendo infiel ao Teodoro, mesmo sabendo que Vadinho é um fantasma.
A história Dona Flor e Seus Dois Maridos é muito conhecida por causa das adaptações, mas prefiro oferecer o livro como dica, pois é uma experiência única. Posso dizer que o filme é bem fiel ao livro, porém resumida. Mostrou a história no cenário da década de 1940, na cidade de Salvador, na Bahia e como a vida de Vadinho era desregrada e repleta de manifestações de desordens no matrimônio. Apesar dos defeitos incorrigíveis de Vadinho e a solidão constante, no instante em que Dona Flor se deparou com a falta de Vadinho e a dor da perda, os sentimentos de luto foram sinceros. Tanto que o luto por Vadinho fez relembrar seu casamento desde o início. A vida de Dona Flor não era fácil, vendo Vadinho sair todos os dias com os amigos para jogar e beber, e quase sempre chegado em casa bêbado na manhã seguinte.
Apesar de não ser um marido exemplar, Vadinho era um ótimo amante para Dona Flor. Com o tempo, ela foi deixando o sofrimento de lado, até que tirou o luto completamente e vai retomou a sua rotina. Ao lado do Dr. Teodoro, Flor teve a chance de vivenciar um casamento verdadeiro e respeitável, contudo sente-se agoniada. Tendo novamente Vadinho, em forma de fantasma, Dona Flor tornou-se uma mulher completa. Fico imaginando como foi abordagem do tema na ocasião que o livro e o filme foram lançados, porque a sociedade olhava os desejos da mulher com outros olhos conservadores. A sensualidade, a liberdade sexual feminina e os demais temas citados na obra de Jorge Amado deve ter provocado algumas polêmicas na ocasião.
Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça esbanjam talentos dado vida aos personagens e estão em perfeita sintonia. Quando a história de Dona Flor e Seus Dois Maridos é mencionada, sempre aparece o rosto deste trio de atores na minha mente. Sonia Braga consegue mostrar toda a delicadeza de Dona Flor, Mauro Mendonça mostrando claramente o rosto de um homem sério e respeitável. Enquanto José Wilker... Proporcionou várias cenas icônicas, no momento que Vadinho retornou em forma de fantasma na vida de Dona Flor e transformou Vadinho num dos personagens de grande sucesso do cinema nacional. O personagem caiu como uma luva para ele e até peço desculpas ao Marcelo Farias e Edson Celulari que interpretaram Vadinho nas outras adaptações, mas o Vadinho parece que foi criado para José Wilker.
Enfim, Dona Flor e Seus Dois Maridos de 1976 é ótimo. Considero um dos maiores filmes brasileiros, mas vale relembrar que é uma história com cenas de nudez e conteúdo sexual, então aconselho que tenha a sua linda cabecinha aberta e principalmente, seja adulto.
Confira todas as resenhas sobre Dona Flor e Seus Dois Maridos.
Beijos e até a próxima!
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