. Título: Castelo de Areia | . Título Original: Château de Sable | . Autor: Pierre Oscar Lévy | . Ilustrador: Frederik Peeters | . Editora: Tordesilhas Livros | . Tradução: Diogo Rodrigues de Barros | . Ano: 2021 | . 2ª Edição| . 112 Páginas | . 5 ★ 

 

   Olá pessoal!

  A graphic novel Castelo de Areia, escrita pelo Pierre Oscar Lévy e com arte de Frederik Peeters é um quadrinho lançado em 2011 pelo Selo Tordesilhas Livros da Alaúde Editorial. Em 2021, essa história ganhou uma adaptação pelo cineasta M. Night Shyamalan no filme Tempo ( Old ). Amanhã conversaremos sobre o filme. Beleza? Mas voltando ao Castelo de Areia... Particularmente achei a graphic novel bastante provocadora e que proporcionou várias perguntas na minha cabeça durante e após a leitura. Confesso que fiquei bastante empolgada quando ganhei o quadrinho, pois já tinha uma vaga ideia sobre a história. Nos comentários que li, mencionava um pouco de desconforto, mas eu estava tão fascinada pela leitura que fui com sede ao pote e Castelo de Areia é uma baita história em quadrinhos. Não trouxe desconforto que eu imaginava, não nego que adorei a experiência de ler e ter essa graphic novel em mão.

   A história começa apresentando uma praia meio recôndita com alguns paredões de pedras altas  que deixa a praia reservada e um homem desconhecido saindo de um local reservado da praia. Logo pela manhã, por volta das oito horas, à primeira família chega à praia. Robert e Marianne chegam de carro com os filhos Félix de três anos e Zoe de cinco anos. Também trouxeram, o pequeno Elvis, o cachorro da família. Eles são observados por um homem que estava rodeando a praia. Apesar de Robert não gostar do olhar do homem desconhecido, Robert acaba deixando de lado e focando sua dedicação à família, pois Zoe mostra que Elvis encontrou uma muda de roupa feminina e um colar jogados na praia. Logo em seguida, chega mais um carro com outra família.

   Dessa vez, o médico Charles, sua esposa Nathalie, sua sogra e seus filhos Sophie, uma adolescente de quatorze anos e Louis, na mesma faixa etária de Zoe. Essa segunda família  resolveu ficar um pouco  afastada da primeira família e ao contrário de Robert, Charles  é um homem irritado e grosseiro com a família, que acaba refletindo um pouco nos filhos. Os netos não tem carinho amoroso com a avó. Enquanto Robert e Marianne desconfiam que os filhos estão diferentes, Sophie resolve explorar a região da praia e acaba conhecendo Amesan, o homem desconhecido que estava no praia quando a primeira família chegou. Contudo Louis e sua avó, que estavam nadando, encontram o corpo nu de uma moça boiando. Assustada a sogra grita pelo Charles e Robert o acompanha.

    Rapidamente Charles deduziu que Amesan era o assassino da mulher e telefonou para o comissário Gaulier, informando que tinha um cadáver na praia. Porém o corpo da mulher não é o maior dos problemas deles e sim o grande mistério que possui naquela região isolada. A sogra de Charles, que estava completamente boa de saúde, começou a passar mal sem nenhum motivo e faleceu misteriosamente. Amesan estava com o nariz sangrando constantemente e todos estavam desenvolvendo e envelhecendo de forma acelerada. Especialmente as crianças, em apenas poucas horas na praia, entraram na puberdade e piorando ainda mais a situação, após a chegada da terceira família, composta pelo escritor Henry, sua filha Florence e pelo enfermeiro Oliver, todos descobriram que não conseguiam abandonar a praia.

    Castelo de Areia é uma história bem angustiante e ao mesmo tempo, com várias reflexões. Li a segunda edição de Castelo de Areia que contém um prefácio de Pierre Oscar Lévy que menciona que a história foi criada originalmente para ser um roteiro e posfácio do jornalista Érico Assis que trouxe um texto com algumas referências que se encaixam na história. Ambos os textos são bem agradáveis de ler e achei que iria encontrar algumas explicações, porque terminei a leitura achando a história sensacional, bizarra e tensa, mas com várias perguntas na mente. Principalmente sobre a praia, o mistério que contém na dimensão do espaço e a velocidade do tempo e principalmente, o envelhecimento das pessoas. A história dá ao leitor assuntos importantes como a família, o tempo acelerado,  a vida passando diante aos olhos, a sexualidade dos jovens e a perda da inocência e especialmente, como lidar com a morte. 

   A graphic novel não entrega nenhuma resposta. O próprio leitor precisa procurar as explicações, seja  elas através do cenário misterioso ou no comportamento dos personagens. Eles não são perfeitos, possuem suas neuroses, rebeldias, arrogâncias, preconceitos e atos corriqueiros. O tempo deixa bem claro que não para para nós e no quadrinho de Castelo de Areia, o tempo acelera mais rápido ainda. Em vinte e quatro horas, tudo é finalizado. Cada personagem tem seu corpo definhando até a morte em poucas horas. É assustador se for pensar que não tem tempo para alcançar seus objetivos e sonhos ou superar os medos. A arte é impressionante, mostrando os traços dos rostos, o desenvolvimento dos corpos e o envelhecimento dos personagens. Contém algumas cenas de nudez, por isso a graphic novel é focada para o publico adulto ou para jovens amadurecidos. 

   A leitura da Hq é muito rápida porque contém diálogos curtos e vários quadrinhos sem nenhum tipo de narrativa. Consegui ler num tarde de domingo tranquilamente. O problema foi depois que terminei a leitura, a mente vai à mil. Fiquei me questionando se estou realmente aproveitando meu tempo de maneira correta. Enfim, Castelo de Areia é daquelas obras que te faz refletir sobre a existência e a condição humana sem deixar o mistério de lado. Se você é leitor que gosta de ler e apreciar quadrinhos, Castelo de Areia é uma ótima dica de leitura com assuntos questionáveis sobre a vida e morte. Curti demais a leitura!

 

Todas as Resenhas sobre Castelo de Areia e o filme Tempo.

 


 

    Sobre o autor:

   Pierre-Oscar Lévy é francês e nasceu em 1955. Formado pelo Institut des Hautes Études Cinématographiques, desde 1982 é diretor de cinema e quadrinista. Conhecido no mundo francófono por documentários como Maman, je n´ai rien aux dents [Mamãe, não tenho nada nos dentes], de 1989, adaptou Castelo de areia de uma ideia originalmente para roteiro de cinema.

   Frederik Peeters, nascido na Suíça em 1974, é desenhista e roteirista de histórias em quadrinhos. É formado em comunicação visual pela Ecole Supérieure d´art appliqués (ESAA) de Genebra. Publicou obras renomadas como Pípulas Azuis, de 2001.

 

   Beijos e até a próxima!