. Título: Tieta do Agreste | . Direção e Roteiro: Cacá Diegues | . Ano: 1996 | . Duração: 2h 20min | . 2

 

    Olá pessoal!

    Assisti o filme Tieta do Agreste e ... Foi bem legal ver um elenco cheio de celebridades, mas no geral, não foi como eu imaginava. Vou explicar melhor.

   O  filme começa com Jorge Amado sentado numa praça lendo o primeiro parágrafo do livro Tieta do Agreste. Sabe aquele gostinho de nostalgia? Pois foi essa sensação que senti ao ver Jorge Amado no início do filme. Rapidamente a cena é mudada para uma casa durante à noite. Perpétua (Marília Pêra) está conversando sobre os detalhes da sua conversa com o juiz à respeito da herança deixada por Tieta com seu pai Zé Esteves (Chico Anysio), Tonha ( Noélia Montanhas), Elisa (Débora Adorno) e seu marido Ramiro (Caco Monteiro ), no livro tem o nome de Astério e na novela Timóteo. Contudo, ela é interrompida pela chegada de Carmosina ( Zezé Motta ) trazendo a carta de Tieta que chegou no correio e Perpétua ao ler a carta, todos ficam informados que Tieta está  viúva e decidiu voltar para Santana do Agreste para recuperar do choque de ter perdido seu marido.

   No dia da chegada de Tieta em Santana do Agreste, praticamente todos da região estão esperando ela desembarcar na marinete do Jairo (Frank Menezes) na praça, porém ela chega triunfante num carro vermelho juntamente com sua enteada Leonora (Cláudia Abreu). Durante sua primeira noite, Tieta descobre que Santana do Agreste é uma cidade que permanece parada no tempo. Não contém luz elétrica e os moradores sobrevivem com a luz gerada por um velho motor. No dia seguinte, a pedido de Leonora que havia conversado com Ascânio (Leon Góes) sobre a rejeição da luz na cidade, Tieta resolveu telefonar para um político importante e reivindicar a luz para Santana do Agreste.

   Tieta do Agreste é o livro mais extenso que tenho aqui em casa do Jorge Amado. Sei perfeitamente que não é nada fácil transformar 600 páginas em 2 horas e 20 minutos de filme, ainda mais uma história repleta de personagens ricos em detalhes. É  neste ponto que entra minha ressalva sobre o filme. Como ponto positivo, posso dizer que o filme trouxe alguns momentos que aproximou mais da versão original do que a novela. Outro detalhe positivo foi encontrar um elenco de peso. Que delícia ver Jorge Amado sentado na praça de Santana do Agreste lendo o inicio do livro Tieta. Marília Pêra na pele da megera e ambiciosa Perpétua, Zezé Motta como Carmosina, Chico Anysio como Zé Esteves, Jece Valadão como Comandante Dario e o André Valli como poeta Barbozinha, personagem que tem no livro, mas não parece na novela.

   Nesta versão de Tieta, a história permanece com ela lidando com as bajulações de Perpétua e Zé Esteves enquanto é admirada pelo seu admirador Barbozinha e acaba sendo atraída e vivi um romance com seu sobrinho Ricardo (Heitor Martinez), filho de Perpétua. Entretanto o filme pecou em mostrar Tieta exibindo celular e câmera de vídeo em um lugar que não tem energia elétrica. Para piorar, contém uma passagem de tempo, mesmo que seja curta porque o filme mostra a construção da casa dela em Mangue Seco. Tieta usou essa câmera de vídeo e o celular pelo menos três vezes em diferentes momentos da história. Fiquei perguntando, onde Tieta conseguiu carregar estes equipamentos se não tem luz?

    Há falhas no filme? Sim. Meu primeiro destaque é Zé Esteves expulsando Tieta de casa, mas não da cidade. A história ficou com aquela sensação que ela foi embora de Santana do Agreste porque quis e não porque foi expulsa da cidade depois que apanhou de cajado do pai. O detalhe do dinheiro que Tieta mandava do mês para Zé Esteves e para ajudar na criação dos sobrinhos é deixada de lado. Deixou a sensação que Tieta mandava o dinheiro e não queria saber como era gastado na criação dos sobrinhos, especialmente  nos fatos em torno do filho de Elisa. A única vez que Tieta comentou sobre esse dinheiro que ela enviou durante anos foi no momento em que Zé Esteves pediu Tieta para comprar novamente um terreno que foi dele no passado e foi vendido para o Coronel Arthur da Tapitanga (Harildo Deda) para pagar uma divida.

   Osnar, Jairo e padre Mariano apareceram em pequenas cenas e praticamente ficaram na sombra da história. O filme ignorou completamente a Dona Laura, o Bafo de Bode e principalmente a Dona Milu. A famosa Frigideira de Maturi, receita feita por Dona Milu, mãe de Carmosina tanto no livro como na novela é feita por Tieta no filme para Elisa e Tonha. A questão sobre a instalação da fábrica em Mangue Seco e  a crítica sobre o meio ambiente foi abordado de maneira vaga. Na novela, Ascânio deseja modernização e progresso para Santana do Agreste e no filme ele é convencido por um empresário (Daniel Filho) construir a fábrica para explorar a região. Para quem leu o livro ou assistiu a novela conhece este empresário como Mirko Stefano. No filme ele aparece apenas uma vez.   

   Sei da polêmica  entre Sônia Braga e Beth Farias do início ao fim. Quando se trata do filme Tieta, a polêmica chega junto, mas não vou comentar aqui. Gosto muito das duas atrizes e ambas, eu considero talentosas, porém na minha mente Beth Farias sempre será a eterna Tieta e Sônia Braga a eterna Dona Flor. Foi dessa maneira que elas entraram na minha mente como personagens e ainda juntando com as diferenças que contém entre novela, filme e livro, eu prefiro ficar do lado da versão literária. Mesmo tendo muito carinho pela novela Tieta de Aguinaldo Silva e achando o filme um pouco irregular e bastante básica, mas com fotografia belíssima,  acredito que as duas versões servem para manter a personagem Tieta viva na nossa imaginação. Enfim, o melhor conselho é sempre ir atrás da versão literária.

 

  Confira todas as resenhas sobre Tieta do Agreste.

 

     Beijos e até a próxima!