. Título: Roque Santeiro | . Roteirista: Dias Gomes e Aguinaldo Silva | . Direção: Paulo Ubiratan | . Inspirada no livro: O Berço do Herói de Dias Gomes | . Tema de abertura: “Santa Fé” – Moraes Moreira | . Ano: 1985 | . 209 Capítulos | . Duração: de 35 a 60 min | . 5★❤
Olá pessoal!
Agora que conheço a versão literária de Roque Santeiro através do livro O Berço do Herói, posso deixar a minha opinião sobre a novela que juntamente com Tieta, é considerada a novela de maior audiência da televisão brasileira. Entre 4 de Novembro de 2024 a 5 de Julho de 2025, acompanhei a Roque Santeiro, pelo Canal Viva que foi transformado em Globoplay Novelas no dia 9 de Junho e garimpando na internet, descobri que é a segunda vez que Roque Santeiro foi reprisada neste canal. E que bom que foi reprisada, pois eu tive a oportunidade de conhecer a novela inteira para minha fase de noveleira ser enriquecida.
A essência da história O Berço do Herói está toda incluída em Roque Santeiro, porém com pouquíssimas modificações e criação de alguns personagens para ser exibida na televisão, transportando o espectador para a cidade fictícia chamada Asa Branca. A história começa numa manhã próxima da inauguração da estatua de Roque Santeiro no praça central da cidade. Acredita-se que Luís Roque Duarte, também conhecido por Roque Santeiro por causa da sua habilidade em esculpir santos, tornou-se santo após ter morrido ao defender a população do bandido Navalhada quando ele roubou o ostensório da igreja principal da cidade. Tempos depois, uma menina doente teve uma visão de Roque enquanto ela caminhava à margem do rio e curou-se. Este foi apenas o pontapé para o povo contribuir com vários milagres de Roque Santeiro e Asa Branca foi transformado em ponto turístico em torno da sua história de heroísmo.
O ato de bravura de Roque tornou-se tão famoso que uma equipe de filmagem liderada pelo cineasta Gérson do Valle (Ewerton de Castro), chegou em Asa Branca para filmar A Saga de Roque Santeiro, um filme que tem objetivo de contar a vida de Roque Santeiro e tendo atores consagrados da televisão, a atriz Linda Bastos (Patrícia Pillar), por quem Gérson é apaixonado, e Roberto Mathias (Fábio Jr.), um mulherengo perfeito para criar bastante bagunça pela cidade. No entanto, Asa Branca é movimentada pelos comerciantes, turistas e romeiros do Padre Hipólito (Paulo Gracindo) da igreja católica que através dos seus sermões conservadores tenta combater a abertura da boate Sexu’s com as dançarinas Ninon (Cláudia Raia) e Rosaly (Ísis de Oliveira). A dona da boate, Matilde (Yoná Magalhães) que também é proprietária do hotel Pousada do Sossego e amiga de Chico Malta, também conhecido por Sinhozinho Malta (Lima Duarte).
O Padre Hipólito tem o apoio de alguns comerciantes, especialmente do Zé das Medalhas (Armando Bógus) que possui o monopólio de vendas de imagens santas e medalhas do milagreiro. Com ajuda do Jiló (João Carlos Barroso) guia da cidade que manipula os turistas para comprar mercadorias dos poderosos da cidade. Jiló e Zé das Medalhas exploram descaradamente os romeiros e turistas da cidade, Zé das Medalhas aproveita que é casado com Dona Lulu Aragão (Cássia Kiss), que no passado foi à menina que foi curada milagrosamente por Roque e atualmente é uma esposa reprimida pelo marido. Praticamente não sai de casa. Além do Zé das Medalhas e Jiló, Dona Pombinha Abelha (Eloísa Mafalda) também aproveita da imagem de Roque Santeiro. Ela é líder das beatas que cuida da sala dos milagres contribuídos a Roque Santeiro e também é esposa do Prefeito Florindo Abelha (Ary Fontoura) amigo leal do temido fazendeiro rico e chefe político de Asa Branca, Sinhozinho Malta e da Viúva Porcina (Regina Duarte) amante de Sinhozinho.
Incentivada por Sinhozinho, Porcina também é aproveitadora do mito Roque Santeiro. Anos atrás, ela chegou à Asa Branca com a certidão de casamento em mãos, dizendo que era esposa de Roque, pois eles tinham se casado numa cidade vizinha pouco antes de Roque enfrentar Navalhada. Porém tudo isso, é mentira, porque Porcina é viúva de um homem que nunca viu e com isso, tornou-se fazendeira riquíssima e poderosa da região, mas sempre que encontra com a filha do prefeito Florindo e Dona Pombinha, elas entram em conflito. Mocinha (Lucinha Lins) é a verdadeira noiva de Roque que não se conformou com a história da viúva Porcina. Mocinha é tão apaixonada por Roque que ainda guarda o vestido de noiva que pretendia se casar com ele e evita as investidas do misterioso professor Astromar Junqueira (Ruy Resende), que possui hábitos sombrios.
Entretanto o professor desperta curiosidade da população, porque ele é um grande suspeito de ser o lobisomem que aparece nas noites de quinta feira de lua cheia atacando as mulheres da cidade. No entanto a história conquista uma reviravolta com a chegada de um homem misterioso (José Wilker), que se surpreende com o crescimento de Asa Branca. Sem perder tempo, ele vai à igreja católica e, sem que ninguém ver, acaba deixando o ostensório no altar. No dia seguinte, esse homem retorna à igreja para confessar e pedir perdão pelo roubo do ostensório e o Padre Hipólito descobre a verdade dos acontecimentos entre Roque Santeiro e Navalhada (Oswaldo Loureiro). Preocupado com a situação, Padre Hipólito resolveu contar para o prefeito Florindo, o Sinhozinho Malta e viúva Porcina a volta de Roque, pois com ele na cidade, os lucros em torno do mito Roque Santeiro podem ser prejudicados em Asa Branca.
Roque Santeiro contém uma história bem divertida com personagens bem construídos e interligados ao mito do milagreiro. Ao longo dos capítulos o espectador acompanha os conflitos entre os personagens para lucrar em beneficio próprio em suas escolhas individuais. Com a presença de Roque, as pessoas importantes da cidade, passam se sentirem ameaçadas com o fim do mito religioso da cidade. Por isso a hipocrisia citada no livro O Berço do Herói tem oportunidade de ser bem desenvolvida. O maior prejudicado é Sinhozinho Malta, mesmo sendo um homem poderoso, Roque conseguiu ameaçá-lo com um romance com Porcina, além de levá-lo à delegacia para prestar depoimento sobre seus crimes. Ele não ficou preso, pois sabemos que poderosos não ficam presos no Brasil, mas confesso Sinhozinho Malta merecia uma punição mais severa pelos seus crimes.
Roque conseguiu modificar alguns acontecimentos com sua presença em Asa Branca. Ajudou Porcina amadurecer como pessoa e até surpreendi com final dela com Sinhozinho Malta, pois a história caminhou para que ela terminasse com Roque. O desfecho de Roque também foi diferente do Cabo Jorge no livro, mas a essência de tentar mostrar a verdade e ser maior do que o Roque Santeiro, ele não conseguiu da mesma forma que foi no livro. Uma mentira tão bem criada consegue apagar os fatos verdadeiros e o mito milagreiro que foi criado para Roque Santeiro é muito forte. Não fazia sentido que Roque Santeiro terminasse a novela como herói. É compreensivo.
Sem mais delongas, vou terminando a minha opinião dizendo que, mesmo em poucos dias, Roque Santeiro deixou saudades. É uma das novelas que futuramente que reprisar para matar saudades dos gritos de Porcina, os desesperos de Sinhozinho Malta, o senso de mudança de Roque e os de mais personagens que gostei bastante e não consegui mencionar em minha opinião. Enfim, caso seja noveleiro de plantão e ainda não teve a chance de aventurar em Roque Santeiro, leia O Berço do Herói de Dias Gomes e aproveita a oportunidade para assistir a novela. Pode ter certeza, ela consegue arrancar boas risadas com seus absurdos e desesperos. Vou roubar a frase mais famosa do Sinhozinho Malta e perguntar para quem conhecer a história... " Tô certa ou tô errada."
Confira todas as resenhas sobre O Berço do Herói ou Roque Santeiro.
Beijos e até próxima!
0 Comentários