. Título: O Demônio de Mármore | . Título Original: The Hungry Stones | . Autor: Rabindranath Tagore | . Editora: Wish | . Série:Sociedade das Relíquias Literárias #13 | . Tradução: | . Ano: 2021 | . 28 páginas | . 4★
Olá pessoal!
Meu conhecimento com Rabindranath Tagore é limitado. Na verdade é a primeira vez que leio um conto dele e achei bem interessante por causa do estilo sombrio e misterioso, mas achei que o final ficou em aberto e aquele gostinho de uma continuação. Escrito em 1895 o conto começa com um cobrador de impostos e seu parente teosofista embarcando num trem em uma viagem de volta para Calcutá. Para não confundir o minha opinião sobre o conto, vou chamar o cobrador de impostos de primeiro narrador. Então o primeiro narrador conta que eles se sentam perto de um homem meio estranho com sorriso astuto e um verdadeiro contador de histórias.
O homem meio estranho, aqui na resenha será tratado como segundo narrador da história, podia conversar de forma tão inteligente e profunda sobre qualquer assunto que o teósofo, pensava que o homem recebia uma inspiração do sobrenatural que até começou a fazer anotações. No entanto para completar a viagem a Calcutá, durante a viagem os três passageiros precisavam trocar de trem e ficaram numa sala de espera da estação ferroviária esperando o próximo trem chegar para continuar a viagem. Enquanto isso, o segundo narrador contava uma história que deixou o primeiro narrador e teósofo impressionados ao ponto de mantê-los acordados durante à espera do trem. Na história do segundo narrador...
Um dia, depois de deixar o emprego em Junagarh, um distrito localizado em Guzerate na Índia, por um desacordo na política administrativa, ele começou a trabalhar para o nizã como coletor de impostos de algodão em Barich, que rapidamente afirma ser um local adorável. Na região contém o rio Susta e acima desse rio, havia um palácio de mármore. Completamente solitário, afastado da vila e do mercado de algodão. Cerca de duzentos e cinquenta anos antes, o imperador Mahmud Shah II construiu esse palácio para seu prazer e luxo. Por causa do piso de mármore e a água cristalina dos reservatórios, o ambiente do palácio permanecia bastante fresco, porém depois de anos, as fontes já não funcionam, o palácio tornou-se num aposento vasto, silencioso e solitário, onde apenas os cobradores de impostos visitavam.
Karim Kahn, um antigo funcionário do escritório que o segundo narrador trabalhava, avisa-o repetidas vezes para nunca passar a noite no palácio. O lugar tinha uma reputação tão ruim que os ladrões se afastavam do local durante a noite. Apesar do aviso, o segundo narrador decidiu se hospedar no palácio deserto. À principio, ele achou o lugar quase insuportável, mas exercia uma estranha fascinação para ele. Entretanto, depois de uma semana e após um dia exaustivo de trabalho, o segundo narrador começou a sentir que o palácio estava vivo, ou melhor, amaldiçoado.
O Demônio de Mármore proporciona dois narradores e ambos apresentam suas histórias em primeira pessoa. Geralmente eu fico com um pé atrás quando a história é contada pelo ponto de vista do narrador, porque o leitor não contém outro ponto de vista e aqui neste conto, minhas suspeitas com os narradores ficou enorme. Não posso contar mais detalhes, mas posso dizer que fui enganada direitinho com o caminho que a história seguiu. Apesar do conto ser curtinho, ele consegue fluir rapidamente. No entanto, a história terminou deixando uma sensação que o final ficou aberto. Não sei dizer, se foi proposital do escritor para nós leitores criar sua própria conclusão, mas deixou aquele gostinho de algo inacabado.
Contudo, a leitura trouxe detalhes maravilhosos, especialmente do palácio. Durante o dia mostrava ser um lugar deserto, triste e solitário, mas à noite tornava-se uma armadilha mortal para aqueles que tentavam sucumbir à tentação daquele ambiente. Enfim, mesmo com o final em aberto, acho que a história O Demônio de Mármore vale a experiência literária. Mais um conto do projeto Sociedade das Relíquias Literária da editora Wish que gostei bastante. Acho que vale a pena conferir a história para conhecer a escrita do Rabindranath Tagore.
Confira todas as resenhas do projeto:
Sociedade das Relíquias Literárias
“Durante a noite, não houve pausa na tempestade nem no choro impetuoso. Perambulei no escuro, de quarto em quarto, carregando comigo uma aflição inútil.”
Sobre o autor:
Rabindranath Tagore foi um poeta, escritor, compositor, filósofo, reformador social e pintor indiano, nascido em Calcutá. Em 1913, ele se tornou o primeiro não-europeu a ganhar um prêmio Nobel de literatura. Tagore modernizou a arte bengali desprezando as rígidas formas clássicas. Falecido aos 80 anos, suas cinzas foram espalhadas no ganges.
Beijos e até a próxima!
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