. Título: Boca de Ouro | . Direção e Roteiro: Nelson Pereira dos Santos (baseado na peça teatral Boca de Ouro – Nelson Rodrigues) | . Ano: 1963 | . Duração: 1h 43min | . Cinema Nacional | . 4★

 

   Olá pessoal!

  Como informei na resenha da peça teatral Boca de Ouro, escrita pelo Nelson Rodrigues em 1959,  a história ganhou três adaptações cinematografia. A primeira adaptação foi dirigida pelo Nelson Pereira dos Santos em 1963, a segunda adaptação foi dirigida pelo Walter Avancini em 1990 e a mais recente com direção do Daniel Filho em 2020. Eu aproveitei para assistir a primeira versão de 1963 e futuramente, pretendo assistir as outras adaptações.

   Começando um pouquinho diferente da peça teatral que foi lida, o filme mostra rapidamente como Boca de Ouro (Jece Valadão) trabalhava e enriqueceu através do jogo do bicho. Para quem não sabe, jogo do bicho é uma bolsa ilegal de apostas em números que representam 25 animais. Resumidamente é um jogo de azar que contém uma história bem interessante, pois foi criado em 1892 pelo Barão João Batista Viana Drummond e faz parte da nossa cultura brasileira. Mas voltando ao filme... Boca de Ouro tornou-se referência em Madureira, região do subúrbio do Rio de Janeiro, porque fazia jus ao nome: tinha visitado ao dentista e trocado todos os dentes perfeitos para dentes de ouro. Tinha uma grande fama de ser um homem perigo e cruel, mas meu iptambém era reconhecido em ajudar e dar doações aos pobres que batiam na sua porta.

  Acontece que misteriosamente Boca de Ouro foi morto e o jornal Sol resolveu enviar o jornalista Caveirinha (Ivan Cândido)meu ip até a casa de Dona Guiomar ou simplesmente Dona Guigui (Odete Lara) uma ex-amante de Boca de Ouro que voltou para o marido Agenor (Adriano Lisboa), para descobrir alguma história verdadeira sobre o bicheiro mais famoso de Madureira. No entanto ao entrevista-la, Guigui acaba oferecendo ao Caveirinha três versões da mesma história e todas entrando em contradição sobre a vida do Boca de Ouro. Em todas as versões contada pela Dona Guigui Boca de Ouro está envolvido com o Leleco (Daniel Filho), um malandro desempregado que foi na casa do Boca de Ouro, Celeste (Maria Lúcia Monteiro) a mulher de Leleco e três socialites.

   Assim que terminei a leitura de Nelson Rodrigues, corri para assistir esse filme de 1963 e apesar de ser um filme preto e branco e principalmente não ter nenhuma das tecnologias oferecidas  no filmes atuais, Boca de Ouro (1963) é praticamente fiel ao texto original. Contém pouquíssimas alterações para encaixar a peça teatral na área cinematográfica. Boca de Ouro é um filme importante para cinema nacional que consegue chamar atenção nos primeiros minutos, se você assisti-lo de mente aberta e entendendo que é um clássico da nossa cultura. O interessante da história é acompanhar as versões de Dona Guigui conforme seu humor vai mudando. Na primeira versão, Guigui conta Leleco precisava de dinheiro para enterrar a sogra e a ambição em ter Celeste para si, fez Boca de Ouro provocar um assassinato. 

   Após saber que Boca de Ouro faleceu, Guigui teve uma crise histérica que procurou ciúmes no Agenor e Guigui decidiu contar sua segunda versão dos fatos. Por causa do Agenor, Dona Guigui acaba mostrando sua terceira versão e cada uma delas a personalidade de Boca de Ouro é modificada. Tudo isso porque Guigui está com seu orgulho ferido. Uma das versões ela mostra onde a fama de Boca de Ouro foi construída na malandragem como banqueiro do bicho e diversas falcatruas, mas também, em outras, apresentou ele como um indivíduo insensato que cultiva o sonho de ser enterrado num caixão de ouro, só para compensar o trauma de ter nascido numa gafieira e de ter sido abandonado pela mãe numa pia de banheiro. Boca de Ouro é um personagem que desperta curiosidade, pois na sua “brilhante carreira do crime”, segundo o repórter da história que cobria a notícia da sua morte, “matava com uma mão e dava esmola com a outra.”

   Enfim, só me resta deixar a dica de leitura da peça teatral de Nelson Rodrigues e após a leitura aconselho que assista Boca de Ouro, pois é um filme divertido, que consegue construir a obra com detalhes e cuidadosamente, consegue ser fiel ao original.

 

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  Beijos e até a próxima!