. Título: Boca de Ouro | . Direção: Daniel Filho | . Roteiro: Euclydes Marinho | . Baseado na peça teatral Boca de Ouro – Nelson Rodrigues | . Ano: 2019| . Duração: 1h 33min | . Cinema Nacional | . 4★
Olá pessoal!
Depois de conferir a versão clássica de Boca de Ouro que estreou em 1963, procurei pela refilmagem de 1990, mas não encontrei. Infelizmente, não terei a experiência de Boca de Ouro de 1990. Então fui assistir a terceira versão cinematográfica da clássica obra de Nelson Rodrigues, dessa vez com direção de Daniel Filho. A comparação com ao longa anterior foi inevitável, especialmente entre Jece Valadão e Marcos Palmeira, que interpretaram o personagem Boca de Ouro. A verdade é a terceira versão de Boca de Ouro é praticamente idêntica ao filme original com diferença em poucos detalhes.
Resumidamente, a trama conta a história de Boca de Ouro (Marcos Palmeira), um famoso e temido bicheiro que mandou trocar todos os dentes brancos e perfeitos de sua boca por dentes de ouro puro que vivia em Madureira, Rio de Janeiro, durante os anos 60. A diferença que desta vez, o jornalista Caveirinha (Silvio Guindane) consegue ver o corpo de Boca de Ouro antes de ir para o necrotério e após conversar com seu chefe, ele fica incumbido de ir à casa de Dona Guigui ( Malu Mader) para descobrir alguma história tenebrosa do seu ex-amante para uma reportagem no jornal.
A partir daí Dona Guigui decide contar ao Caveirinha uma história onde Celeste (Lorena Comparato) e seu marido Leleco (Thiago Rodrigues) estão envolvidos. Acontece que a resolve contar três versões da mesma história conforme a mudança da suas emoções. Por causa da mágoa de ter sido abandonada, Dona Guigui construiu um Boca de Ouro perverso na primeira versão, mas ao descobrir a morte de Boca de Ouro, decide omitir alguns detalhes da história e apresentou Boca de Ouro com nova personalidade. Se na primeira versão Boca matou Leleco ao ouvir o insulto de ter nascido no banheiro de uma gafieira, na segunda versão é Celeste quem assassinou o Leleco.
Acontece que a segunda versão de Dona Guigui deixou seu marido, Sr.Agenor (Guilherme Fontes ) aborrecido. Ao ponto de quase ir embora de casa e só não abandonou Dona Guigui porque Caveirinha conseguiu contornar a situação e Sr. Agenor resolveu fazer as pazes com Dona Guigui. Assim, a terceira versão é apresentada com um novo ponto de vista e deixando o espectador na dúvida em qual versão que Dona Guigui contou a verdade.
Clássico do teatro brasileiro, Boca de Ouro estreou em 1960 e não há nenhuma dúvida que a escrita de Nelson Rodrigues é sensacional e merece ser priorizada. Nelson Rodrigues não teme o exagero e seus personagens são avassaladores. Em respeito às duas versões cinematográficas da história, eu considero praticamente idênticas ao texto teatral original com pouca diferença. O elenco consegue cumprir com seus papéis, ganhando destaque para Malu Mader, Guilherme Fontes e principalmente Marcos Palmeira na pele de Boca. Para quem conhece a versão de 1963, tem a oportunidade de conhecer Daniel Filho interpretando Leleco e nessa versão de 2019, Daniel Filho é o diretor do filme e fez uma pequena participação interpretando o diretor do jornal.
Enfim, os dois filmes sobre Boca de Ouro é um prato cheio para o cinema nacional. Cada um com seu valor merecido, mas gosto de dizer, vale a pena buscar a história original na narrativa clássica de Nelson Rodrigues antes ou depois de assistir aos filmes. Assista Boca de Ouro 2019 e conheça as três faces de Boca de Ouro na narrativa de Dona Guigui. Tente descobrir qual versão é a verdadeira.
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Beijos e até a próxima!
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